04
Set 10

-David  já estou despachada.
-Mas agora está na parte melhor do filme.
-Vês logo à noite. E a minha prenda?
-Vês logo à noite.
-Que chatinho, vá vamos.
Chegamos ao Hard Rock Café já estava lá os meus amigos mais próximos juntamente com o Ruben. A Lúcia quando me viu fez logo uma grande festa, de braços abertos e a gritar “Que saudades”. Também tinha imensas saudades dela e dos momentos que passava com ela. De seguida veio o Henrique, o Ricardo e a Cátia com o namorado, eles tinham voltado à cerca de três meses. Da parte do David, veio o Ruben, com quem eu me tinha dado melhor dentro do plantel. Acabamos por nos sentar no primeiro piso do Hard Rock e começamos a falar. Ricardo era psicólogo e como já me conhecia estava sempre a avaliar-me.
-Catarina, vejo que estás feliz. Para quando o casamento?
-Ricardo, não sei…
-Hum… Eu quero ser a madrinha. – Dizia a Cátia entre risos.
-Duvido que sejas tu a convidada para ser madrinha, acho que ela vai convidar a Lúcia – Ricardo nunca se deu bem com Cátia. A conversa tinha que mudar de assunto o mais depressa possível.
-Ricardo deixa de ser assim. Posso muito bem ter duas madrinhas. E tu, quando casas?
-Nunca. Casamentos acabam sempre mal. Para além disso, acabei ontem com a Joana.
-Acabas-te? A sorte dela – Dizia Henrique que também não gostava muito de Ricardo. De facto, Ricardo só se dava comigo e com a Lúcia. Conhecia-mos ele desde miúdas e sabíamos como ele era.
-Já viste. Ao menos não fui traído como tu. – Agora sim, a conversa tinha que mudar de assunto. E aí aparecia Ruben, o salvador da pátria.
-Então e de que clubes são vocês?
-Felizmente neste grupo só há um lagarto – respondi-a eu ao mesmo tempo que olhava para Henrique.
-Sempre com defeitos – respondia Ricardo.
-Ok, já chega! É o meu aniversário! Podemos ter um jantar todos juntos e todos felizes?
-Sim Catarina mas esse gajo… Nem sei como te dás com ele. – Respondia-me Henrique, já chateado com aquela situação toda e sabia que se Ricardo respondesse tudo iria ficar pior.
-É malta, respeita à vontade da minha namorada está bom?
-Ok. Vou continuar apelar-te para deixares lagartos fora destas reuniões.
-Ok Ricardo, já percebi.
-Vamos abrir as prendas! – Dizia a Cátia, que tinha ficado pior do que estragada quando o Ricardo disse-lhe que ela não ia ser a madrinha. – Toma, esta é minha e do João. Espero que gostes.
-Vamos lá ver o que é. Que giro! O livro da Rita Ferro! Quatro e um quarto! Maravilhoso, obrigada amiga. Como o conseguiste arranjar? Já andava à 3 meses à procura.
-Estava na Bertrand e como já estava farta de procurar quando o encontrei não resisti.
-Obrigada mesmo.
-Agora sou eu – dizia a Lúcia que estava a meu lado – Toma, não sei se vais gostar.
-Hum.. Tens sempre um óptimo gosto, deixa lá ver. – Abri um saquinho pequenino e lá dentro vi duas argolas de prata – Oh Meu Deus! Isto deve ter sido caríssimo. Não era preciso Lúcia!
-Era sim! Vão ficar lindamente em ti.
-Obrigada – como estava a meu lado abracei-lhe e dei lhe um beijinho na bochecha. Sentia tanta falta dela e das maluqueiras que fazia ao lado dela.
-Agora sou eu. – Dizia o Ricardo, confiante. Já sabia que ele ia me dar algo que gerasse muita polémica. Quando abri vi uma liga azul, daquelas que as noivas utilizam – Sabes que é preciso uma coisa azul, uma coisa nova e uma coisa usada no casamento não sabes? Já te poupei algum trabalho.
-Obrigada Ricardo. Achas mesmo que vou utilizar isto assim tão depressa?
-Depois vemos isso. – Ricardo era uma excelente pessoa avaliar outras. Ele conseguia a partir das expressões saber se estava zangado, a mentir, contente. Como uma série que dava na Fox. E ao mesmo tempo que ele dizia “depois vemos isso” olhou para as mãos do David que faziam um tique esquisito. O seu polegar roçava do indicador. Nunca tinha reparado se o David fazia isso antes ou não mas nem me importei. Ricardo estava mais uma vez a fazer o que sabia fazer, intimidar as pessoas.
-Ok, já chega de parvoíces, agora é a minha vez. Toma Catarina. – Henrique dava-me para a mão um envelope creme a dizer na frente “Para a minha Catarina”. Henrique vinha de uma família muito rica, o pai dele era dono de uma empresa e a mãe dona de uma Agência de viagens. Sabíamos que a prenda dele iria ser algo mais caro do que as outras mas ele também sabia que não me importava com o preço mas sim com o significado.
-Um envelope? Uh… Vamos lá ver o que está aqui dentro… - Quando abri o envelope vi uma carta apenas.
-Lê em voz alta.
-Ora vamos lá ver o que vem daí. – Dizia Ricardo já a tentar irritar Henrique outra vez.
-És capaz de estar calado durante dois minutos? Catarina, lê se faz favor.
-Ok… “Catarina, estives-te sempre a meu lado nos bons e maus momentos. Aturaste-me depois da Paula ter acabado comigo e quando me apaixonei por outro homem. Nada que te possa dar vai alguma vez pagar o que tu fizeste por mim. Por tudo isto, dou-te uma viagem para duas pessoas até Cuba.” Obrigada Henrique! Que boa surpresa. Nunca pensei! Nem sei se posso aceitar isto. Foi muito caro. É melhor não.
-Catarina é uma prenda minha, aceita. Vou ficar chateado se não aceitares. Estou a dever-te muito…
-Mas não era preciso nada disto. Sabes que eu nem ligo a estas coisas. Estares a meu lado e seres meu amigo é que importa.
-Sim! Mas sabes que é a minha maneira de te agradecer.
-Ok. Muito, muito obrigada!
-De nada.
-Se realmente a conhecesses davas uma viagem para Amesterdão que é o sitio onde ela realmente quer ir.
-Ricardo! Deixa de ser assim. Vou amar ir a Cuba. Amesterdão era para Erasmus. Já agora Henrique, a data é até quando? Queria ir com o David.
-É até ao final do ano. Vais gostar, é um hotel de cinco estrelas. Um dos melhores resorts de Cuba.
-Óptimo, assim o David vem comigo.
-Bem, falto eu não é? – Dizia o Ruben sempre com um sorriso enorme. – Então, vá, este é meu e da minha mãe que também teve o seu dedinho nele.
-Ah, pronto. Estou mais descansada. Se a tua mãe escolheu quer dizer que é bom. – O embrulho de Ruben era maleável o que me fazia acreditar que devia de ser uma peça de roupa. Comecei a rasgar o embrulho vermelho – Tão bonito, obrigada Ruben – Tinha me oferecido um vestido muito bonito. Branco com vários folhos, de alcinhas.
-A minha mãe disse-me que ias gostar, não só tu como o David também.
-Muito Obrigada Ruben. Agradece à tua mãe também.
-Bem, o melhor é irmos todos embora. – Dizia Ricardo, fiquei surpreendida com a reacção dele.
-Ricardo, não gostas-te do Jantar? Passa-se alguma coisa?
-Não Catarina, mas já é tarde e o David ainda não te ofereceu a prenda. Pois não?
-Já deu muitas.
-Mas aquela que ele anda a dizer-te sempre, a que falta dar.
-Não, como sabes isso?
-Conheces-me?
-Sim.
-Então porque raio é que perguntas? – Tinha razão, se ele disse aquilo é porque tinha “lido” alguma coisa no David.
-Ok. Mas tem de ser já? Estava a gostar da vossa companhia.
-Catarina, já é dez e meia. Talvez o Ricardo tenha razão.  Aproveita, vai ser a única vez que concordo com ele. – Dizia Henrique com um sorriso meio amarelo.
-Ok, se é assim que querem.
-Amanhã falamos contigo – disse Ricardo com sorriso estranho. Como já soubesse que amanhã ia falar com ele. – Lúcia vens comigo não é?
-Sim, sim. Então vá, adeus amiga – deu-me um abraço longo, não a queria deixar ir. Precisava de estar com ela para matarmos todas as saudades. De seguida veio as despedidas aos restantes, David que pouco falou no jantar, só para comentar algumas situações com Ruben e pouco mais, estava a cumprimentar todos. Quando foi-se despedir de Ricardo o aperto de mãos dele foi estranho. Ricardo disse-lhe “Cuidado, não te desculpo se a vir chorar”. Não entendi mas pensei que fosse mais um dos avisos parvos de Ricardo. Despedi-me de toda a gente e agradeci a todos e foram saindo do Café aos poucos e poucos. David tinha ido tratar do pagamento do jantar, já me sentia mal. David tinha pago o almoço e o jantar, nem queria ver o que ia ser a grande prenda, já tinha feito tanto. Ruben era o único que restava, continuava a falar comigo. Desta vez o assunto era diferente, sobre a saída do David.
-Catarina, ele este ano, ainda há uma probabilidade maior de ele sair. Sabes disso não sabes?
-Sim, sei.
-E vais com ele?
-Claro que vou, acompanho ele para todo o lado. É óbvio que adorava que ele ficasse no Benfica mas ele sabes, o Benfica é o maior clube do mundo mas como não tem o dinheiro que os outros têm não pode comprar os grandes jogadores. Nós criamos os grandes jogadores e depois perdemo-los. Já vi muitos a irem e o David será um deles mas desta vez eu vou com ele.
-O David teve muita sorte de te encontrar. O vosso amor é muito bonito, no inicio não acreditava. O David andava só com as coisas dele a dizer que te amava dois dias depois de te conhecer.
-Nem eu acreditava sabes? Era impossível para mim mas depois vi que não. Foi mesmo, estranho para falar verdade. Como podia amar uma pessoa ao fim de uns dias?  Mas a verdade é que aconteceu.
-A vossa história dava um filme.
-Meu Deus, a minha história é única, só irei partilhar com os meus filhos e os meus netinhos.
Ruben dava uma gargalhada e o David chegou.
-Então, tanta risada? Conta para mim também!
-Não era nada David… Deixa…
-Bem, eu vou andando. – Dizia Ruben que nos cumprimentava, um abraço ao David e dois beijinhos a mim – aproveitem a noite, David não te esqueças que amanhã há treino às dez horas.
-Claro meu irmão… Adeus.
-Adeus Ruben.
-Adeus ó casalinho.
-Então e nós?
-Agora tenho a minha surpresa.
-Vais me dar a prenda agora? Que bom!
-Espera. Vamos para dentro do carro.
-Está bem! Mas não me podes dar aqui?
-Não. Vá, anda.
Saimos do Hard Rock Café e fomos para o carro. Quando cheguei ao carro comecei a olhar, à procura de qualquer coisa que se assemelhasse a uma prenda. Nada. O carro do David para variar está todo limpinho.
-Põe isto nos olhos. – Dizia David ao mesmo tempo que me mostrava uma venda preta.
-Porquê?
-Porque sim! Não destrua a surpresa.
-Ok. – Apressei-me a pôr a venda. – já está.
-Então estamos prontos.
O caminho foi mais de meia hora e ele teve que me aturar durante meia hora a perguntar onde íamos e o que era a prenda. David não cedeu todo o caminho. Ainda ameaçava tirar a venda mas tinha uma ameaça maior do que a minha, “Voltamos já para casa”. Senti o caminho a ficar íngreme.
-Ó David para onde vamos?
-Já vais ver.
-David!! Diz-me lá!
-Não. Pósha! Passou o caminho todo assim.
-Nos teus anos faço o mesmo.
-Não faz não, porque não pode.
-Ó, diz lá!!
-Lá.
-Aii!! Que irritante!
O carro parou e ouvi o David a tirar as chaves do carro.
-Chegamos.
-Finalmente! Posso tirar a venda?
-Não, ainda não.
-Vá David.
-Fica aí.
-Ok… - Senti o David a sair do carro e a fechar a porta.
-Vem minha princesa.
-Posso tirar a venda?
-Ainda não. Cuidado ao sair do carro. O terreno aqui não é liso. – comecei a ouvir o mar, o som das ondas a bater nas rochas.
-David, onde estamos?
-Já vai ver. Anda cá. – David agarrou-me na mão e pôs-me debaixo do seu braço. – Cuidado para não cair. – Andamos durante mais vinte metros, pouco mais – Pode tirar.
-David eu não acredito! Estamos no cabo Espichel!
-Gosta?
-Amei David. Este lugar é tão especial. Foi aqui… - David vira-se para mim e fica frente a frente, exactamente no mesmo lugar em que estivemos pela primeira vez. A chuva tinha parado, o momento estava a ser perfeito outra vez.
-Que demos o primeiro beijo. Catarina, você sabe o quanto importante é para mim? Eu amo você e hoje tenho que dizer que não conseguia viver sem você, sem o seus carinhos, sem a tua presença, sem a tua voz, sem a tua comida. Não conseguia viver sem você, nem sabia o que era de mim. Foi um milagre eu conhecer você e eu agradeço a Deus todos os dias por Ele ter posto você no meu caminho. Por isso, achei o momento exacto para fazer isto – David dobrava uma perna e ajoelhava outra e tirava ao mesmo tempo uma caixinha pequena de veludo, parecida aquela em que ele levou o anel de namoro – Catarina, quer casar comigo?

publicado por acordosteusolhos às 00:09

o pedido de casamento esta lindo!!!!!!!!!! Cada vez gosto mais de psicologia,ate eu sabia....
Agr acho q era giro a luisa aparecer por ai e abanar as coisas e mais uma vez mostrarem o q os une, nem q seja no dia do casamento ela aparecer e terem d adiar, lol

bjocas
tete a 4 de Setembro de 2010 às 21:01

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