26
Ago 10

Tinhamos saído do Colombo e o saco estava nas minhas mãos, mas não o queria aceitar. Não merecia. O carro do David era enorme, um Q7 branco. O sonho de qualquer homem há face da Terra. Já estavamos longe do Colombo e a verdade é que eu já nem sabia onde estavamos nem para onde ele me levava. Já era tarde e o carro era tão grande que sentia-me pequena no banco. Encostei a cabeça e fechei os olhos. Deixei-me dormir mas sempre agarrada ao saco vermelho.
-Catarina, acorda…
-Sim, desculpa, deixei-me dormir. Que horror… Onde estamos?
-Vem cá para fora…
-Trouxeste-me à praia? A Sesimbra?
-Sim.
-Como sabias que gostava de vir cá?
-Eu, sinto que te conheço. Sinto que estás ligada a mim à muito tempo… Eu, no dia em que esbarras-te contra o Rúben, eu sentia-me mal. Pressões dentro e fora do clube e as saudades da minha família. Quando eu olhei para ti, foi como tudo isso desaparecesse. Os teus olhos, diziam-me que eras tu. Eras tu, a rapariga que o meu pai me falava em pequeno. A rapariga que iria chegar num dia e transformar toda a minha vida. Não sei se sente o mesmo mas e queria que você soubesse disto. Não quero desperdiçar tempo, se eu pudesse abraçava-te agora e beijava-te como se o mundo acabasse amanhã…
- Pega no carro. Quero-te mostrar um sítio.
-Ok, onde queres ir?
-Eu vou a conduzir.
-Tens carta?
-Não, mas é já aqui…
-Não te vou dar a chaves do meu carro se não tens carta. Podes matar-nos.
-David – cheguei-me perto dele, perto do peito dele. Pus a minha mão direita perto do coração do David, sem pensar e cada vez mais perto da cara dele – confias em mim?
-Confio.
-Então, dá me as chaves.
Ele deu-me as chaves e acabei por lhe dar um beijo na bochecha. Só tinha andado em motos e no carro antigo do meu pai. Um Q7 de caixa automática não iria ser muito mais complicado.  Entramos os dois no carro e eu liguei-o. Afinal não era assim tão complicado e subi a serra de Sesimbra para chegar ao Cabo Espichel.
-Anda.
-Onde vais Catarina?
-Vem… - eu fui à frente e ele vinha uns dois metros atrás de mim. Fui o mais longe possível até chegar à extremidade do cabo. Parei de repente e virei-me para trás.
-Estás a ver? Aqui é mais bonito. É melhor. A luz da lua a ser reflectida e consegues ouvir as ondas a bater nas rochas.
-Onde queres chegar?
-A isto… -Beijei-o como ele disse, como se não houvesse amanhã. Foi o melhor momento da minha vida. Neste momento era só ele e eu numa noite com a luz da lua a ser reflectida no mar e o som do mar ao bater nas rochas. Era aquele momento em que todas as raparigas sonhavam. Com o rapaz que todas sonhavam. A Lúcia tinha razão, o amor à primeira vista acontece e é mais forte do que os outros.

publicado por acordosteusolhos às 00:06

comentários:
mt giro adrei... espero pelo resto...
bj

P.S tens jeito para escrever, continua...
bj
ana afonso a 26 de Agosto de 2010 às 00:21

Obrigada Ana :)
Beijinhos*

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