30
Ago 10

Sai do Hotel e entrei dentro do carro. Estava encharcada e o David tinha um amor aquele carro mas mesmo assim não se importou que eu me sentasse no banco toda molhada.
-David devias ligar para o banco.
-Ligo quando chegarmos a casa.
Atchim! Atchim!
Bolas! Espirrei! Agora já sabia que não ia voltar para o hotel, nem que ele me tivesse que prender em casa.
-Eu disse! Já está constipada!! 
-David…
-Nem mais uma palavra!
-Está bem – cruzei os braços e fiz birrinha.
-Amanhã não tenho treino, vamos comprar um telemóvel para você.
-Dá-me de prenda. – disse sem pensar, só depois é que prestei atenção ao que disse. Ficou tão mal.
-Não posso. Já tenho a tua prenda. Pode ser um fracasso mas já a tenho.
-O que é?
-Surpresa.
-Idiota.
-Hã?
-Nada.
-Tira a blusa.
-O quê?
-Estás toda molhada, vais ficar pior.
-Não me importo. Atchim. Atchim. Ai a minha cabeça – saiu-me como um desabafo. Estava a dar mais razão ao David a cada minutos que passava.
-Já estamos a chegar.
Chegamos ao fim de dois minutos, nesses dois minutos ninguém falava mas o David olhava sempre para mim de dez em dez segundos.
-Espera um bocadinho aí. – Saiu do carro e dirigiu-se para o meu lado. Abriu a porta.
-Vem.
-Hã?
-Vá salta para os meus braços, eu levo-te ao colo.
-Não.
-Não vais a bem, vai a mal. – Agarrou-me num instante e pôs-me a seu colo.
-Que estás a fazer? Pára! Larga-me!
-Não! Cala-te um pouco.
-Eu sou pesada.
-Já disse para estares calada! Estou chateado contigo. Farto das tuas teimosias. Se tivesses vindo comigo nada disto se tinha passado.
Não disse mais nada o resto do caminho, o que o David me disse magoou-me. Tentei não chorar e fazer-me de forte mas quando estávamos perto da porta do apartamento agarrei-me a ele e chorei.
-Desculpa, não queria fazer nada daquilo. Eu sou tão parva. Tu tinhas razão, sempre tiveste. Nem devia ter saído de casa.
David largou-me e pôs-me no chão mas nem disse uma palavra. Nunca ele tinha ficado assim, eu tinha feito aquilo e estava-me a sentir culpada, muito culpada. Entramos em casa em silêncio, ele tirou as chaves e pôr num móvel que tínhamos à entrada. Agarrou a minha mão e levou-me para o quarto.
-Porque é que és assim? Teimosa! Você sabe que a única pessoa que pode ser assim sou eu. – Dizia David, ao mesmo tempo que procurava um pijama quente para mim. – Despe-te.
Fiz o que ele dizia, despi-me e fui buscar uma roupa interior para vestir.
-Você é tão teimosa. Mas pronto, que irei fazer não é? – fazia um sorriso amarelo e de seguida abraçou-me. Senti as suas mãos grandes nas minhas costas que estavam congeladas. Senti-a o calor dele a transferir-se para mim mas só com o abraço dele senti-me quente.
-Tenho saudades David.
-Do quê?
-De estar a teu lado, dos teus beijos, das tuas carícias, de tudo. Amo-te e quero passar isto. Quero estar a teu lado.
-Desculpa, eu amo-te. Fica comigo, para sempre.
-Fico e garanto-te que não será nenhum sacrifício. – David largou-me e agarrou na camisola do pijama.
-Vá, estica os braços. – Levantei os braços e o David cuidadosamente vestiu-me a camisola. – Queres que te vista as calças também?
-Não acho que seja necessário.
-Estás doente. Hoje não vai haver nada. Vou buscar um comprimido para ficares melhor.
-Obrigadinha.
-Estive a trabalhar até tarde, não se esqueça disso! E hoje foi um dia muito longo. Vá, vai para a cama. Já vou aquecer.
-“Estive a trabalhar até tarde”. Engraçadinho.
-Ao menos trabalho.
-E eu não?
-Ainda não.
-Ainda! Disseste bem David Marinho! Ainda!! – Disse a David que já estava a caminho da cozinha. Vesti as calças do pijama e abri a cama. – David despacha-te. – Gritava a David.
-Já vai chatinha. Toma, engole o comprimido.
-É grande.
-Deixa de ser mariquinhas e engole lá o comprimido.
-Está bem. – Engoli o comprimido com a ajuda da água mas com alguma dificuldade. A minha garganta estava inflamada já. Entrei de seguida na cama acompanhada por ele que já estava com uma blusa vestida. Agarrei-me a ele, já sentia saudades do seu perfume, dos seus caracóis, até dos seus grandes pés que roçavam nos meus quando a minha cabeça estava no seu peito (só desse maneira conseguia tocar nos pés dele por causa da sua altura). Enrosquei-me a ele como podia. A minha cabeça no seu peito e ele pôs-me o seu braço por cima de mim.
-Obrigada Catarina.
-Porquê?
-Por me perdoares. Pela pessoa que és. És me tudo.
-Igualmente.
-Amo-te – ao mesmo tempo que beijava a minha testa. O comprimido já estava a fazer efeito e deixei-me dormir logo a seguir. O porteiro tinha razão, nunca me lembrei da Luísa naquela noite.

publicado por acordosteusolhos às 16:45

muito boa. está historia é linda :).
lola a 30 de Agosto de 2010 às 17:15

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