27
Set 10

FAN FIC ENCERRADA.

publicado por acordosteusolhos às 22:59

21
Set 10

Entrei lentamente mais o meu pai, sempre agarrada nele. Sabia que se largasse caía para o lado. David não tirava os olhos de mim, fixava-me nos olhos, como se ele estivesse a dizer “tem calma, eu estou aqui” mas sem falar. As pessoas estavam todas de pé e levantadas para mim, o que ainda me punha mais nervosa. Tentei não tirar os olhos de David, era o único que me dava segurança. Mesmo nervosa não conseguia disfarçar a minha felicidade. O meu sorriso ia de orelha a orelha. Cheguei ao “altar” e David agarrou a minha mão. O meu pai agarrou-me na mão e entregou a David, que lhe sorriu e o meu pai retribuiu, claro sem antes deixar o seu aviso.
-Se magoas ela…
-Fique descansado. Não o vou fazer.
-Acho bem. – David deu-me um beijo na mão tal como Jonathan disse e ajudou-me a subir os dois degraus mas nada disso fazia Jonathan esquecer a mini conversa entre o meu pai e o David. Conseguia ver Jonathan com os olhos arregalados a olhar para aquela cena, por ele, entrava já no casamento e gritava “Parou tudo!” e voltávamos a repetir a entrada sem a “mini conversa” entre genro e sogro. Cumprimentamos o conservador, o único que aceitou algumas coisas sem passar para a parte legal logo. Era um senhor de cinquenta anos já mas muito simpático e Benfiquista ferrenho.
-Boa tarde – mal ouvi o conservador a dizer isso olhei para o lado e vi o Jonathan a puxar o cabelo, queria-me rir, mas a noiva a rir-se na sua cerimónia de casamento ficava um pouco esquisito. - Hoje, estamos aqui reunidos para celebrar a união de David e Catarina. Eu vou começar por ler algumas informações que aqui tenho para ver se todos os presentes concordam e depois passamos para as assinaturas. – Começou por dizer os nossos nomes, a nacionalidade, os nomes dos nossos pais. Tudo! Ou praticamente tudo. Disse as condições necessárias e chegou a uma parte que provocou o riso de toda a gente, menos de Jonathan – Em caso de a relação não se manter, ou seja, divórcio, espero que não discutam e lembrem-se dos vossos filhos.
-Não se preocupe, eu nunca mais a vou largar.
-Espero bem que sim… Bem, sendo assim vamos passar aos votos. David, começas tu.
-Catarina, há coisa de três ou dois dias você perguntou-me dos meus votos e eu respondi “Não os tenho porque não sei o que escrever”. Você disse, que não se importava, que para si bastava eu dizer “Amo-te” e entregar a aliança. Ou então quando eu disse que não queria casar pela católica por causa da minha religião e você compreendeu. É por isso que eu amo você, pela sua simplicidade, pela sua simpatia, pela maneira como você sorri, pela maneira como me sinto seguro e completo a seu lado. É por estas pequenas coisas que me fazem estar cada vez mais apaixonado por você, quero estar sempre a seu lado, quero ter cinco filhos ou até mais e todos a seu lado. – As lágrimas estavam nos meus olhos e tentava não chorar, mas não consegui aguentar, as lágrimas caíram-me e escorreram pela casa mas sempre com um sorriso – Não chora amor, é um dia feliz! – Dizia David ao mesmo tempo que punha a sua mão na minha cara para me limpar as lágrimas. Soltei um pequeno riso, todas as pessoas estavam emocionadas no casamento, lembro-me de ver a minha mãe a chorar, as minhas madrinhas a chorarem, a mãe do David e a irmã dele mais algumas pessoas convidadas. – Todos os dias agradeço a Deus ter-te conhecido, você… Você tornou a minha tão mais simples, fez de mim uma pessoa melhor, mais feliz e hoje só desejo ficar com você para sempre. Catarina, mulher dos meus olhos e mãe dos meus filhos, aceita esta aliança como prova do meu amor?
-Sim, claro que sim – Deixei cair outra lágrima de tanta emoção, David agarrou-me a mão esquerda e antes mostrou-me o que lá dizia, “Amo-te muito, para sempre” e pôs-me a aliança no dedo.
-Catarina, é a sua vez. – Dizia o conservador.
 Engoli a seco, ia-me declarar aquele homem e não me lembrava dos meus votos. Decidi que o melhor era dizer o que sentia.
-Lembro-me bem do dia em que te conheci. Estava cheia de fome e acabei por ir contra o Ruben. Era uma rapariga dita normal, que ficou entusiasmada ao ver dois grandes jogadores do Benfica à minha frente. Nunca pensei que um dia fosse casar à frente de mais de metade de um plantel do Benfica e muito menos pensei que era possível amar desta forma. – Soltei um sorriso geral de toda a gente - Da forma como eu te amo, ao fim de nove meses estou aqui, à tua frente para nos casarmos. Isto não é só um molho de papéis para assinarmos, isto vai ser um compromisso perante as pessoas que aqui estão e perante Deus. Para demonstrar o quanto nos amamos. Eu amo-te David, por isso, prometo-te ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da minha vida. Aceita esta aliança como prova do meu amor.
-Claro que sim meu amor. – Agarrei na sua mão e pus a aliança no seu dedo. A minha dizia “Amo-te cada vez mais”.
- São oficialmente marido e mulher, o noivo pode beijar a noiva.
David colocou a sua mão na minha face e deu-me um beijo. Talvez o beijo mais apaixonado que alguma vez demos, toda a gente aplaudiu e nós terminamos o beijo que durou quase dez segundos e viramo-nos para os convidados, David deu-me a mão e toda a gente aplaudiu. Reparei na cara das minhas madrinhas e choravam as duas, a minha mãe limpava as lágrimas assim como a minha madrasta, a mãe de David também chorava e mais alguns convidados faziam o mesmo.
-Foi como os teus sonhos?
-Muito melhor… - Dê-mos outro beijo, mais curto. Cumprimentamos o conservador e David voltou-se a virar para o público.
-Bem, agora vamos para a tenda, comer um pouco porque a fome já aperta. Vamos lá.
Todos se foram embora aos poucos, mas antes quase todas as pessoas vieram felicitar-nos, e assim, este dia se transformou no mais feliz da minha vida.

publicado por acordosteusolhos às 23:40

-David é o Jonathan a ligar.
-Atende.. Agora quero descansar – dizia David que tinha um saco de gelo na testa.
-Meu, isso não vai resultar. – Carrega na tecla de atender – Sim, Jonathan?
“Olá, não és o David!”
-Não, é o Ruben.
“Ah, pronto! Então é só para dizer que vocês, como vão tirar as fotos na Quinta, podem ir andando para lá. Podem-se vestir lá. As roupas já devem estar lá a vossa espera num dos quartos. Basta irem lá e pronto. Depois nessa altura já deve estar tudo pronto por isso…”
-Ok, nós vamos então.
“Muito bem. Ah, a Catarina vai-se atrasar.”
-Quantos minutos?
“Ainda não se sabe bem… Até logo”
-Até já… Bem, gordo, levanta-te. Vamos para a Quinta.
-Já? Mas eu ainda não me vesti.
-A roupa está lá. ‘Bora.
-Ai, ai, ai, ai. A minha cabeça!
-Toma duas aspirinas e isso passa.
-Isto tudo é culpa sua. E do Gustavo. Ideias tristes.
David levantou-se lentamente e deu mais um “Ai”. A dor de cabeça era incrível e com o stress com que David estava só piorava as coisas.
-Meu irmão! Você está mesmo mal! Consegue andar direito? – Dizia Gustavo acabado de sair da cozinha com um iogurte na mão.
-Conseguir consigo, agora… Posso cair e isso é complicado. Já viu se eu caiu no casamento? Ou me deixo dormir! A Catarina vai-me matar.
Ouvia-se a campainha, Ruben foi até à porta.
-Dona Regina! – Dizia Ruben ao mesmo tempo que fazia um sinal a David para se livra do gelo. Houve-se algo a partir, David tinha mandado para o sitio errado.
-Bom dia meus amores! Como vão? O que se partiu?
-Foi… Foi… Não sei, qualquer coisa que deve ter caído. Venha, entre. – Dona Regina entrou e cumprimentou o Gustavo com um grande abraço. A seguir dirigiu-se para David que estava com um sorriso muito amarelo.
-Meu filho, que se passa?
-Nada mamãe.
-É meu filho, que cheiro a mentol. Quantas vezes você lavou os dentes hoje? Dez?
-Para aí… - Não era por causa dos dentes ficarem brancos mas sim para o cheiro do álcool desaparecer.
-Não precisa de estar nervoso não. O seu pai?
-Foi à casa do David vestir-se. Eles vão logo directos para o casamento. Mas, agora à parte, ó David, olha lá para a tua mãe! Está toda bonita! – David sentia uma grande dor de cabeça e todas as vozes altas ele sentia como se fossem terramotos.
-A minha mamãe é linda. Não se vê logo pelo dia-a-dia? – Dizia David baixinho.
-Então e como foi à despedida?
-Boa!
-Muito boa mesmo!
-David, você não diz nada?
-Sim mãe, foi boa.
-David Luiz Moreira Marinho! Você está de ressaca?!
-Não mãe!
-David! Não mente à sua mãe não!
-Está bem, estou um bocadinho.
-Um bocadinho?
-Sim… É só um bocadinho!
-David! No seu dia de casamento?!
-Ó mãe, hoje não! Quero desfrutar o dia o máximo possível!
-Ruben, vai buscar um copo de água para ele vai? Toma, é uma aspirina. Impressionante! No dia do seu casamento! Eu vou falar com seu pai!
-É mãe! Tanto stress! Tem calma!
-Eu quero ver a reacção da Catarina quando descobrir.
-Ela não vai.
-David, ela é sua noiva, vai descobrir pois! Conhece melhor você do que eu!
-Bem, isso agora não interessa. Temos que ir para a Quinta. Vou-me vestir lá.
-Então está a espera do quê? Vá, vá! Vamos andando! – Dizia a Dona Regina que ao ver o estado de ressaca de David começava a imaginar como iria ficar Catarina, e Ruben, ao ver a cara de David também já tinha percebido que David só pensava nisso mesmo.

Quinta da Bela-Vista às onze.

-Mãe!!
-Que é filho?
-Não consigo fazer o nó!
-Que se passa com você hoje? 
-Ai mãe… Estou demasiado nervoso, veja lá que as minhas mãos! Estão a tremer!
-Nunca vi você assim. Nem mesmo quando disse que vinha jogar para o Benfica.
-Pois! É diferente. Uma coisa é vir jogar para o Benfica, outra é casar com a mulher da minha vida!
-Filho, tem calma. Vai correr tudo bem. Você está lindo!
-Obrigado mãe. – David estava de facto bonito. Casaco preto, calças pretas, camisa branca, colete preto e gravata preta da Dolce & Gabanna. Parecia um príncipe.
-As pessoas já começam a chegar por isso, está na altura de você ir tirar umas fotos não acha?
-Mas não era primeiro com os padrinhos?
-E onde é que eles estão?
-Não sei…
-Estamos aqui, calma. Fomos buscar o fotógrafo. Temos que tirar fotos destes momentos!
-Concordo.
-Bom dia, eu sou o Carlos, estava a pensar, como esta sala pouco vos diz que tal tirarmos só duas ou três fotos aqui e o resto lá fora no jardim?
-Sim, sim. Como você quiser.
-Então olhe para o espelho – dizia Carlos a David. – Finja que está ajeitar a gravata. – David lá fingia e o fotógrafo tirou uma foto ao espelho com ele arranjar a gravata. “Ó que foto mais estúpida!” pensava o David. – Muito bem, agora David, com a tua mãe, depois com os padrinhos e depois vamos lá para fora.
David acenou que sim com a cabeça, tirou uma foto com a mãe e depois com os padrinhos e depois os padrinhos com a mãe de David. Só nesses cinco minutos David já estava aborrecido, mal sabia ele que no jardim já estava cerca de vinte pessoas prontas para tirarem várias fotos. Carlos continuava a tirar fotos, ao sol, à sombra, a David sozinho, a David a falar com os amigos, às fotos de grupos. David via cada vez mais pessoas a chegarem, o que implicava mais fotos e mais sorrisos. Ruben, como padrinho, já pensava o mesmo.
-Nunca vou casar meu!
-Porquê?
-Porque isto é o teu casamento e já me dói as bochechas de tanto sorrir, imagino tu.
-Mas eu estou feliz. É normal que sorria.
-Sim, pois. Eu também estou feliz mas os músculos das bochechas já me doem!
Fotos para aqui, fotos para ali, e quando David olhou para as horas, já era meio-dia. Onde estava Catarina? Não havia sinal dela. E convidados da parte dela só umas dez pessoas. David começava a ficar ainda mais nervoso. Andava de um lado para o outro feito barata tonta até que Luisão agarrou-o.
-É rapaz! Venho eu do Brasil para o seu casamento e você parece que está triste.
-Eu não estou triste Luisão! Estou nervoso! É meio-dia e a Catarina ainda não está aqui! Nem convidados dela! Você acha que ela desistiu?
-Não rapaz! Ela está atrasada. Coisas das mulheres… Até no dia de casamento chegam atrasadas!
-É verdade David, quando foi o meu casamento com Luisão cheguei uma hora atrasada. O padre me ia matando!
-Matando não amor, mas cancelar o casamento… Sim, ameaçou-me umas três vezes disso… Por isso David, tem calma. Vai ficar tudo bem…
Nenhuma das palavras que Luisão ou Brenda disseram a David acalmou-o. David sentia-se cada vez mais nervoso a cada segundo que passava.
-Gustavo, tens o meu celular?
-Sim, está aqui.
-Dá aí.
Gustavo tirou do bolso o telemóvel de David e ele apressou-se agarrar o telemóvel e a marcar o número de Catarina, que a muita já estava memorizado na cabeça de David. Nada. Só os tradicionais “piiiip” e no final a voz da mulher do voice-mail.
-E ela não atende! Aiii…
-Ela não atende porque não pode! Não pode falar contigo antes do casamento!
-Sim, e se for algo mais grave? – Interrogava David a Ruben.
-De certeza que não é.
-David, posso fazer uma pergunta?
-Diz Gustavo.
-Você é parvo ou quê? Ela ama você! Passou dias e dias a planear isto mais o outro…
-Jonathan – dizia baixinho Ruben, o nome do organizador da festa.
-Isso… Jonathan. Para além disso, ela está grávida! De gémeos! Tem calma. Ela vem!
-Espero bem que sim…

Quinta da Bela Vista, meio dia e meia.

-Jonathan! Ainda vão demorar?
“David calma! Sim, uns bons minutos.”
-Então porquê?
“Porque ela atrasou-se, é mulher mas nunca vi uma coisa assim”
-É mesmo dela. Está bom… Estou mais descansado. Ainda muito?
“Sim, uma meia hora, quarenta e cinco minutos”
-Meia hora ou quarenta e cinco minutos?
“Sim, olha preocupa-te com o conservador. Deve estar já doido…”
-O conservador? Não, ele está bem, você pôs aqui um espaço bom a malta estar. Música ambiente, comida e bebida. Está toda a gente deliciada. Para além disso o espaço dos miúdos está muito bom. Eles estão adorando.
“Graças a Deus! Bem, vamos andando. Já falamos David!”
-Ok… - Tarde de mais, Jonathan já tinha desligado.
-Então manz, como é?
-Ainda vai demora. Afinal você tinha razão, a mulher esta apenas atrasada. É sempre assim…
-Eu disse-te, eu lembrei-me do vosso primeiro encontro e como ela te deixou plantada meia hora – Dizia o Ruben ao mesmo tempo que dava uma gargalhada.
-Já nessa altura estava doido por ela.
-Só podias estar, para ficar meia hora à espera de uma rapariga que não conheces…
-E agora vai ser a mãe dos meus filhos…
-Vá, diz lá que tinhas razão e que eu não acreditei em ti…
-EU TINHA RAZÃO! VÊ!? VÊ!? VÊ?!
-Vejo, vejo. Vejo toda a gente a olhar para ti. – Todas as pessoas que estavam sentadas nos sofás e puffs no Jardim olharam para o David, surpreendidos.
-Ah… Desculpem aí malta! É só coisas do Ruben…
-E a culpa agora foi para mim… Impressionante!
-Tem as alianças?
-Meu! Quantas vezes já me perguntas-te isso?
-Não sei…
-Mas eu digo-te! Esta foi a décima primeira e a resposta é sempre a mesma, sim!
-Pronto… Não pergunto mais nada… Mas sabe, eu só fiz isso no casamento. As alianças e a lua de mel… De resto foi tudo a Catarina que fez por isso quero que esteja tudo bom na minha parte…
-Vai estar… Vá, já chegaram mais pessoas. Vai lá gastar mais umas palavras e exercitar os teus músculos das bochechas.
-Sabe? Você tem razão! Isto já esta a começar a ficar dorido... – Deram umas gargalhadas os dois e lá foi David, falar a mais pessoas.


Quinta da Bela Vista, 13:25.

-Jonathan! A Catarina?
-Está aqui a chegar. Vai chamar as pessoas para se irem sentando e pede desculpas.
-Desculpas de quê? Está toda a gente divertida e dançando.
-Sim… Sim, mas isto é um casamento não uma festarola.
-Sim, tens razão.
Ao fim de cinco minutos já estava toda a gente  sentada nas cadeiras e David na frente. A sua perna tremia inconscientemente o que provocava um certo riso nas primeiras filas. Ruben tentava acalmar David mas ele estava mais do que impaciente. O conservador chegava e toda a gente se calou. Ainda foi pior do que a entrada de uma noiva. Cumprimentou novamente o David, o Ruben e o Gustavo e quando menos se espera, entram a correr no meio da cerimónia a Cátia e a Lúcia.
-Chegamos!!
-A Catarina já está aí?
-Sim! Vá, mais cinco minutos e ela vem aí! Ponham-se nos vossos lugares!
David pôs se direito, ajeitou a camisa e a gravata e apertou casaco. Ruben deu o cesto das alianças a Sofia e pôs se a atrás de David. Lúcia estava do outro lado, também em pé e ao lado de Cátia. David engoliu a seco e tentou ver Catarina mas nada. Só conseguia ver o principio da ponte e nada mais, quando começa ouvir a música a tocar e começa a ver Catarina, que estava linda. Já era linda mas naquele dia estava deslumbrante. David chegava ao inicio da passadeira vermelha com o seu bouquet de rosas brancas e vermelhas, que era da mesma cor da passadeira e da flor que David trazia no seu bolso do casaco. David respira fundo e olha para todas as pessoas à sua volta, queria recordar tudo daquele momento maravilhoso.

 

publicado por acordosteusolhos às 21:21

20
Set 10

Casa do Ruben Amorim, às 20 horas.

Ouvia-se o som da campainha e o Ruben tinha acabado de vestir a camisola.
-Já vai ó camafeu! – Abriu a porta e estava o Gustavo lá.
-Então ó, onde anda o noivo?
-Sei lá eu! Pensava que vinha contigo.
-Cá para mim ainda deve estar com a Catarina…
-Não, a Inês já me mandou mensagem a dizer que a Catarina já estava na casa dela.
-Agora falas muito com essa moça! Quem é ela? – Sentava-se no sofá e punha os pés na mesa de Ruben ao mesmo tempo que fazia “zapping” nos canais.
-É amiga da Catarina, é muito simpática. – Dizia enquanto empurrava os pés do Gustavo fora da sua mesa e  punha a televisão da Sic.
-É bem humurado!
-Estou nervoso pá! O David ainda vai fazer uma cena com a nossa surpresa.
-O David é homem rapaz! Não deixa de gostar de ver!
-Sim, esperemos que sim.
Ouvia-se o som da campainha outra vez.
-Olha, agora deve ser ele.
Abriu a porta e entrou o David, pai do David e cunhado do David.
-Oi meu irmão!
-Olá perdedor – Deram um abraço.
-Já começa já tão cedo?
-Queres ir jogar bowling?
-Quer ir jogar PS3?
-Vá, entra e cala-te. Boa Noite! – Dizia Ruben ao pai do David e ao cunhado. – Estejam à vontade!
-Então, onde vamos?
-Bem, vamos… Gustavo agora!
-Hã? – Gustavo agarrava os braços de David e fazia um nó nos seus braços e Ruben punha uma venda nos seus olhos. – O que é que vocês estão fazendo?
-Então… É surpresa. Ó Gustavo agarra bem no gajo! Chiça! A culpa é do Ladislau. Fez o David tão grande!
-Agora a culpa é minha? Vocês é que tiveram esta ideia. Vá, eu agarro ele de lado.
-Mas que raio! Até puseram o meu pai nisto?
-É parecido. Vá, vamos. Quietinho. – David oferece resistência e pára.
-Só se me contarem onde me levam!
-Não pá! Deixa de ser assim! E tens muita sorte em ires no banco. Se fosse por mim ias na bagageira.
-Por amor de Deus! Onde vamos? – Era quatro contra o David, mas David ainda conseguia parar eles os quatro.
-Eu nem sei porque é que nos estamos a esforçar! Querem ver como se leva ele daqui para fora? – Dizia Gustavo ao mesmo tempo que procurava a orelha de David. Quando agarrou, puxou-a e David foi atrás de Gustavo.
-Aiiii! Ai! AI! Ai! Pára aí! Ai a minha orelha! Ouve lá! Eu vou tem calma!
-Aqui está o meu David. Sem resistências meu!
-Sim, Sr. Ruben Amorim.
Entraram dentro do Carro de Ruben. Na frente ia o Ruben e o Gustavo e atrás ia o pai do David, o David e o cunhado do David. Durante o caminho todos falaram, menos David que ia meio amuado no meio.
-Já chegamos!
-Até que em fim não?! Já pode tirar isto?
-Não!
Abriram as portas e David reconheceu as vozes. Quase todos os seus colegas de equipa estavam presentes. Levaram-no para dentro de um restaurante, que não tinha quase ninguém e depois deixou de ouvir barulho.
-Pessoal? Alguém aqui? Onde é que nós estamos? – David sentiu a corda atrás das costas a ficar mais larga – graças a Deus! Onde estamos? – Dizia ao mesmo tempo que tirava a venda. – Poshá! Quem é você?!
-Eu sou a Claudia baby, a tua stripper pessoal. Queres uma dança?
-Meu amigo, aqui tens a nossa prenda! – Dizia Ruben animado por trás.
-Estás doido? Não! Não quero nada disso! Por amor de Deus! Vista-se menina! Por favor. Não sabem organizar uma festa normal?
-Isto é uma festa normal!
-Não, não é Ruben! Para mim, uma festa normal é irmos tomar o copo fora.
-Então vem, vamos tomar um copo.

Três cervejas, dois vodkas e cinco shots, três vodkas laranja depois:

-É meu irmão, amanhã vou casar! Com a mulher mais linda do Mundo!!
-Eeee na pá! Este já está bêbedo!
- Eres tan fraquito – dizia Javi mais para lá do que para cá também.
-Aimar, tu levas o Javi a casa.
-Yo? Por qué yo?
-Porque moras ao pé dele.
- Si el niño vomita en el camino…
-Vomita o quê pá!
- ahora es el momento de la sorpresa no? – Dizia Maxi que estava à frente de David e só se ria com as parvoíces dele.
-Surpresa? Para mim? Que bom! Onde está a Catarina?
-Não há nada de Catarina’s meu! Fogo! Estás vidrado na rapariga.
-Para ti, é Sr. Catarina Marinho está bem?
-Claro. Vá entretanto, a Claúdia Silvino vai-te satisfazer…
-Vai quê?
-Claúdia!
Claúdia sobe para cima da mesa com um chicote e dirige-se para a frente de David que se ria que nem um perdido. Manda uma chicotada que assusta David mas continua a rir.
-Do que é que te estás a rir?!
-Arranjaram-me isto de surpresa.
-Não gostas?
-Não, achei graça apenas. – David continuava a rir-se. 
-Já chega! Vais fazer o que eu disser!
-Hey! O mister está aqui?! Nem acredito! Professor, eu não estou bêbedo, são influências dos outros…
-Levanta-te!
-Não me apetece, se me levantar caiu para o lado que nem um patinho. Tipo os lagartos nos jogos, estão sempre no chão!
-Isto não vai resultar Ruben…
-Eu sei Gustavo… E se queres saber, esquece a rapariga, é uma da manhã e se eu não levar este gajo para o casamento a Catarina mata-me.
-A ti e a mim! Não se esqueça dessa parte!
-Muito bem… David! Vamos embora!
-Para onde? Agora que o Mister chegou temos que ficar vinte minutos a correr, para voltarmos a ganhar resistência.
-Desculpa Claúdia. Podes ir.
-Que broncos… - Dizia Claúdia ao mesmo tempo que saía da mesa e caminhava para a sala.
-Então?! Já?! Não vale! Quero mais! – Dizia o Coentrão que o estado também não era dos melhores.
-Gustavo, tu levas o carro do Coentrão, eu levo o resto da malta e pronto, os piores ficam bem acompanhados.
-Concordo. ‘Bora Fábio, vem ver a sua mulher…
-A minha princesa? Ela é linda! Já viste a bebé linda que tenho? Espero que seja a cara chapada da mãe… Vai ser linda.
-Sim, sim… Ao menos não diz asneira enquanto está bêbado não! Vá anda. – Agarrava no Coentrão e levava-o para o carro. Afinal, não estava assim tão mal, comparando com Javi que já cantava a versão Espanhol da canção da abelha Maia. Pablo agarrava nele e levava-o mas ele estava imparável, ou saltava, ou gritava, ou corria.
-Os restantes foram-se embora e despediram-se de David, mas esse continuava num estado de “riso” que era apenas sensacional.
-Vá, vamos embora David.
-Não!
-Vamos!
-Não! Não vou. Quero mais uma daquelas coisas com coca-cola que você tinha.
-Não pá! Se te dou aquilo a Catarina mata-te.
-A Catarina? Onde ela está?! Não me pode ver assim não!!
-Ela está a chegar aqui, se não te despachares… - dizia Ruben, claro que era mentira, Catarina à uma da manhã já ia no seu sétimo sono, mas era a única maneira de tirar o David dali.
-Então vamos embora! Já!  
-Vamos lá então…
-Manz?
-Sim?
-Importa-se de dar uma mãozinha, é que, estou um bocadinho tonto…
-Se a sua mãe  visse você assim! Eu era um homem morto!!
-Nada disso papai. Se a Catarina visse-me assim, isso sim, ia ser um grande terramoto!
Saltaram todos uma grande gargalhada, David continuava sério, ainda não tinha percebido que Catarina não vinha, mas também tinha desculpa, a bebedeira faz disso. David colocou o braço por cima dos ombros de Ruben e começou a andar. O seu estado era lastimável. Nesse noite vomitou duas vezes e quando acordou só pediu uma coisa “hoje tem que ser baixinho. Dói-me tanto a cabeça…”.

publicado por acordosteusolhos às 17:37

19
Set 10

-Catarina! Acorda! Acorda!! São 10 para as seis da manhã! Vamos para o salão!
-Hã?
-Para o salão!
-Deixa-me dormir!
-Catarina tu vais casar! – Gritava o Jonathan.
-Já vou.
-Não, é agora – Retirou-me os lençóis e deitou um copo de água na minha cabeça.
-Ai! Ai!! Pára! Pronto! Já vou!
-Ainda bem. – Estava meio a dormir e agarrei num vestido, nuns chinelos e num casaco. Às seis da manhã ainda estava frio. Todas as raparigas estavam a dormir lá em casa, elas iam de vestidos iguais mas de cores diferentes. A Cátia ia de Vermelho e a Lúcia de cor-de-rosa. Saimos e fomos a “correr” para o salão de Moniqué que já estava à porta à espera.


-Porque é que demoraram tanto?
-São seis e meia, não é muito tarde.
-Para mim é! Jonathan, a que horas é o casamento?
-Está marcado para o meio dia.
-Bonito. Bem, vamos lá…
Fui puxada para dentro do salão, sentaram-me na cadeira que era chamada a cadeira das noivas pois era grande e podiam estar umas quatro ou cinco pessoas a cuidar da noiva ao mesmo tempo. Sem mais nem menos tinha quatro raparigas a meu lado e a Moniqué a coordenar aquela operação toda. Duas no cabelo, uma na mão e uma nos pés. Sem dúvida, pela primeira vez senti que ir a um salão era uma verdadeira confusão e um puro tormento. Sentia a tirarem as peles dos meus pés, as unhas a serem puxadas e a porem gel nas unhas e os puxões nos cabelos e a porem uma nova cor no me cabelo que tanto tinha sofrido nas últimas semanas. Sai do cabeleireiro às dez e quarenta e cinco e fui com o Jonathan e no carro dele a cem a hora para a Quinta da Inês. Era onze e meia.  Já estava toda a gente preocupada e à minha espera mas eu não tinha culpa que a Quinta ficasse em Alcochete.
-Catarina, finalmente!! Vamos te vestir! Estás linda – Dizia Cátia, preocupadíssima com as horas.
-Obrigada Cátia – O meu cabelo estava preso e tinha um loiro claro. As minhas unhas estavam brancas e com pequenas flores também brancas que pouco se notavam.

 

 

 


-Vá, vamos lá!!
-Jonathan, a Moniqué ainda não chegou com o vestido! – Ouvia-se a porta a bater logo a seguir e Moniqué com duas raparigas agarrarem o vestido com muito cuidado.
-Vocês vão tratar das madrinhas, eu trato da noiva. Anda Catarina.
Fomos para o Quarto da Inês, que era o maior quarto e Moniqué pos o vestido em cima da cama e abriu com muito cuidado. Inês, Cátia e Lúcia que estavam lá ficaram embasbacadas. O vestido era lindo, o melhor vestido de noiva.
-É lindo Catarina, vais ficar tão bonita.
-Eu sei, é perfeito. Nem nos meus sonhos era melhor!
-Então vamos lá, já vestiste a lingeri e as ligas?
-Não vou vestir agora!
-Despacha-te!
Despi-me e vesti rapidamente para a lingeri, era linda também embora, com a minha barriga ficasse um pouco estranho.
-Levanta os braços. – Dizia Moniqué que com muito cuidado me “enfiava o vestido que deslizava  pelo me corpo. Cátia e Lúcia que deviam estar a maquilhar-se olhavam para mim, quase a chorar. Finalmente, já com o vestido colocado, Moniqué deixou-me olhar ao espelho. As lágrimas escorriam-me pela cara, foi nesse momento que senti a importância do casamento. Não era só assinarmos papéis mas sim para jurarmos a Deus que íamos ficar sempre juntos, um compromisso para toda a vida. Cátia e Lúcia abraçaram-me e sentia-me feliz, completa.
-Catarina, porque raio estás a chorar?
-Porque vou casar Lúcia e só me apercebi disso agora. E vou casar com a pessoa que mais amo no mundo, os pais dos meus filhos e isso não me deixa mais feliz. É uma bênção de Deus.
-És tão parvinha! – Dizia Cátia, que já tinha as lágrimas nos olhos. - Estás linda! O vestido é lindo! - A escolha do vestido era realmente bonito. Branco, tradicional. Lindo. Já para não falar dos sapatos que pareciam de bonequinha.

 

 


-Vá meninas, isto é tudo muito bonito mas temos que nos despachar. Carol, vem maquilhar a Catarina. E o que é que vocês as duas estão aqui a fazer? Vá! Vão se maquilhar também! Se não for eu a por ordem nisto já não havia casamento hoje! – Dizia Jonathan que entrava de rompante no quarto. Carolina começou a maquilhar-me e a Cátia e Lúcia foram postas fora do quarto. Faltavam quinze minutos para o casamento começar e ainda tinha que ir para Almada, novamente, para não esquecer das fotos.
-Ok! Ela está pronta! Estás linda, parabéns.
-Obrigada. – A minha cara estava branquinha e uniforme, as bochechas rosadas e os lábios tinham um brilho bonito. Tinha rímel e lápis nos olhos. Esta simples, como as noivas devem estar no seu dia de casamento.
-Muito bem, vamos começar com as fotos!
Começaram por tirar fotos a mim, em todas as posições possíveis e imaginárias. De costas, de lado, de frente, com o bouquet, sem o bouquet. De todas as maneiras. Tirei fotos com toda a gente que estava naquela casa, os meus pais, os meus avós, os meus tios, os meus primos, as minhas madrinhas, com o Jonathan, a Moniqué, as minhas amigas… A casa estava cheiíssima, mas estavam quase todos a comer então quando vinham-me ver aproveitavam para tirar fotografias. Após uma sessão de fotográfica das grandes pedi a todos para irem andando para o casamento, porque também ia. O meu pai sabia que tinha uma paixão por Porsches por isso alugou uma limusina, ainda por cima Hummer (nem sabia onde é que ele tinha ido buscar aquilo). Nada haver não é? Pois, segundo o meu pai “Os porshes só se podem comparar a grandes carros por isso aluguei-te uma limusina”. Era enorme, branca.

 

 

Primeiro entrei eu e depois as minhas madrinhas. O meu pai ia a frente no Mercedes dele e a minha mãe ia atrás do Mercedes do meu pai, no seu pequeno carro peogeut. Atrás deles vinham todos os convidados da minha parte. Ainda faziam uns vinte carro mas já havia pessoas na Quinta. Da minha parte iam cinquenta pessoas e do David mais umas cinquenta. O casamento ficou um pouco maior do que as iniciais setenta e cinco pessoas, mas havia pessoas que tínhamos mesmo que convidar. Jonathan é que não gostou muito da ideia, pois via o numero de pessoas a aumentar de dia para dia. Eu ia no último carro, na Limusina juntamente com Lúcia e Cátia. Já era meio dia e meia. Só me ia atrasar uma hora e tal, pois só podia partir quinze minutos depois dos convidados, para eles se dirigirem para os lugares e assim. Já tinha recebido vinte e cinco chamadas do David. Se o conhecia bem, já tinha feito um buraco de tanto andar de trás para a frente com o telemóvel na mão a telefonar-me. Mas Jonathan já tinha ligado a David e ficou mais calmo. Já não me ligava de cinco em cinco minutos mas de dez em dez. Ao meio dia e quarenta e cinco minutos pus me a caminho. Começava agora a ficar cada vez mais nervosa. O telemóvel tocava cada vez mais vezes. Sabia que David estava a ficar desesperado. Os convidados estavam bem, segundo Jonathan os convidados iam tirar fotos quando lá e comer alguns aperitivos e champanhe. Pelo que o Jonathan disse havia de tudo na festa, desde champanhe até Caipirinhas, ou então sumos de laranja a coca-colas. Por isso estava descansada. Cheguei à Quinta era uma e quarenta, não me atrasei muito, só uma hora e quarenta minutos. Que ironia tão grande. O Jonathan estava a minha espera na entrada para o Jardim da Quinta.
-Tu és a pior noiva de sempre! Nunca vi uma rapariga que se atrasa-se tanto! Uma hora e quarenta!
-Não te preocupes. O David já está habituado.
-Vá, vamos por aqui. – Entramos dentro da grande mansão da Quinta e atravessamos por completo até darmos ao outro lado do Jardim, a parte que ficava atrás da Tenda onde toda a gente ia comer. Jonathan ia a frente e as minhas madrinhas atrás agarrarem-me no vestido para não o sujar. Ele abriu a tenda que era enorme, tinha ar condicionados e muitas mesas. A minha favorita, sem dúvida a principal, era a primeira e não era redonda como todas as outras. Era onde eu e o David nos íamos sentar mais as nossas famílias. Estava tudo tão bonito. O centro da mesa eram rosas vermelhas, as cadeiras eram brancas e as toalhas eram brancas. A cor predominam-te era o branco, sem dúvida. Mas os detalhes em vermelho, as rosas e outras flores deixaram-me encantada. Estava quase a chorar quando o Jonathan olha para mim com um dedo apontado para o meu nariz.
-Atreve-te a chorar ouviste! É o teu dia! Sorri!! Vá, vou dizer a todos que a noiva chegou e manda-los sentar.
-Ok Jonathan. – Fiquei sozinha na tenda. Cátia e Lúcia já tinham ido com Jonathan para ficarem no sitio onde ele queria. Agarrei no bouquet que estava em cima da mesa e olhei para cima para tentar conter as lágrimas.
-Respira Catarina! Respira… Calma…
-Filha, estás linda!
-Pai! – Abracei-o e quase chorei.
-Que foi filha?
-Não sei, está tudo tão lindo que deu-me para chorar. É por causa dos bebés. Alteram-me o sistema todo.
-Ó filha não chores. O Jonathan disse se tu chorasses eu é que pagava e se queres saber, tenho medo dele.
-Ok, vamos lá então.
-Vamos… Mas antes quero-te dizer uma coisa.
-O quê pai?
-Parabéns filha, tenho um prazer enorme em levar-te ao altar. Este homem com quem vais casar ama-te, de verdade e por isso mesmo aceito-o na nossa família, sei que ele vai fazer-te muito feliz.
-Obrigada pai, nem sabes o que isso significa para mim. Ahrrrr!! – Gritei e olhei para cima para mais uma vez tentar conter as lágrimas. – Vamos embora antes que chore! – Sabia o quanto difícil era para o meu pai dizer aquelas palavras. Sempre fui muito “menina do papá” e ele nunca esperou que fosse casar num espaço de dez meses. Nem num espaço de dez anos quanto mais de dez meses.
-O Jonathan disse para te esperar depois de passares na ponte. Vou para lá e depois vens tu está bem filha?
-Está bem pai. Vai lá então. – Ele foi calmamente para o outro lado da ponte, já conseguia ver toda a gente sentada e algumas cabeças de pé, a filha do Luisão ia ser a menina das alianças estava a frente do meu pai vestida de branco e com flores brancas para deixar cair na entrada. Começei a andar e a música começou a tocar após sinal de Jonathan. Senti os joelhos a tremer, passei a ponte e agarrei-me ao meu pai.
-Por favor, não me largues agora se não desmaio.
-Tem calma filha.
-Anda pequenina, está na tua altura.
-Está bem Catarina – Respondia-me Sofia que era um amor de criança.
O meu pai começou andar calmamente atrás da pequena Sofia que já ia mais à frente. Comecei a ver David com um sorriso, sabia o que queria dizer aquele sorriso, que estava linda e que ele estava mais do que feliz. Era por isso que amava aquele homem. Bastava ele sorrir para me acalmar. Entrei menos nervosa e todas as pessoas estavam em pé , até chegar ao pé de David. A partir daqui a história tomava novo rumo, íamos ser marido e mulher.

 

 

Desculpem a demora, apartir de agora vou tentar por mais do que um capitulo por dia. Estes capitulos têm dado muito trabalho. Para além disso tenho um novo trabalho em mãos.

publicado por acordosteusolhos às 15:17

18
Set 10

Cheguei a casa eram três e meia da manhã. Estava cansada, David tinha-se deixado dormir no sofá. Estava carregada com as prendas por isso fui primeiro ao quarto guardar as coisas. Escondi o vibrador debaixo da cama, não queria nada que o David visse aquilo. Depois de tudo guardado fui acordar o David.
-Amor, anda, vem para a cama.
-Já chegou? Que horas são?
-Três e meia. Anda… - David sonolento esfrega os olhos e agarra-se a mim.
-Como foi?
-Bom, amanhã conto-te. Agora, vamos dormir. Os bebés estão cansados.
-Ok, vamos.
Bastou cinco minutos e deixamo-nos dormir, acordei no outro dia ao meio dia. David ainda estava a dormir mas virei-me para ele, tinha de o acordar. Comecei a fazer-lhe carícias na face e a dar-lhe pequenos beijos. David acabou por acordar com um sorriso.
-Bom dia meu amor.
-Bom dia.
-Então como está a minha mamãe linda e os meus filhos?
-Óptimos e o pai mais lindo do mundo?
-Ansioso, nervoso, curioso e a pessoa mais feliz do mundo!
-Porquê curioso?
-Quero saber tudo o que aconteceu ontem!
-Então olha, fomos comer à casa da Inês, falamos muito e apareceu um stripper no final.
-Um quê?
-Stripper, aqueles homens que se despem em troca de dinheiro.
-Está a gozar, só pode!
-Não, e acredita, não gostei nada daquilo. Estava tão farta.
-Estou a ver… E fez a você aquelas danças malucas nas cadeiras?
-Não! Eu recusei! Que horror! Mas o Jonathan adorou ele. Eu não gostei, nem queria nada daquilo.
-Ah. Pronto. – David aprendeu a confiar em mim, acho que tínhamos uma relação muito boa por causa disso, confiávamos um do outro. Desde que aconteceu a situação da Luísa acreditei sempre nele. Para além disso, se não confiasse desta maneira nele não iria casar com ele – Então e recebeu presentes?
-Sim, vários.
-O quê por exemplo?
-Olha a minha mãe deu-me uma pulseira para usar no dia de casamento, a pulseira já era minha mas é muito antiga e já nem me lembrava dela, foi uma óptima prenda. A tua irmã e a tua mãe deram-me uns brincos lindos, depois deram-me lingeri e outras coisas.
-Eu gosto da parte de lingeri! Vai experimentar para mim?
-Só algumas, não quero usar para já as outras, estou tão gorda!
-Estás linda, nada gorda.
-Não estou gorda vá, mas tenho uma barriga enorme já! Imagina com 9 meses! Vai ser gigante!!
-Eu vou adorar, e começar a sentir o bebé a bater! Lindo, lindo de morrer! Mas não deram mais nada a você?
-Como assim?
-Sei lá. Parece que me está a esconder alguma coisa.
-Não me parece boa ideia contar-te.
-Confia em mim ou não?
-Claro que sim, mas tu não vais gostar.
-Porquê?
-Então... É um... Vibrador..
-Vibraquê?

-Queres mesmo que eu te responda?
-Essa prenda vai para o lixo!
-Nem te atrevas. Até foi engraçado.
-Quem foi a tarada que te deu isso.
-Diz antes tarado.
-Aquele Jonathan! Que raio de organizador que você arranjou não? Não interessa, você não vai necessitar dessa coisa.
-Nunca se sabe.
-Claro, que vamos fazer hoje?
-Quero aproveitar bem o dia contigo, o último em que eu vou dizer que és o meu namorado.
-Está bem, queres ir onde?
-Não sei, sabes, hoje acordei e está-me apetecer ir ao Oceanário. Que achas?
-Ao Oceanário?
-Sim, eu em miúda adorava ir lá. Aquilo é tão giro!
-Está bem, isso já é de você se sentir mamãe. O instinto maternal!
-Se calhar. Afinal de contas, a Inês Maria e a Maria Inês vão ter um pouco de mim e vão gostar do mesmo que eu.
-Se é assim o melhor é irmos ao parque porque o Gabriel e o Pedro querem jogar à bola.
-Estás a ver o que disseste sobre o instinto maternal? O meu diz-me que vão ser duas meninas.
-O seu instinto ainda não está a trabalhar a 100%...
-Até parece. Vou tomar um banho, podias ir fazer o pequeno almoço…
-Estou já a caminho!
Tomei um duche rápido e fui ter com o David, fez umas torradas enormes e um sumo de laranja. A comida dava para umas quatro pessoas, David devia pensar que comia por três.
-Para quê tanta comida?
-Então, para mim, para ti, para o Pedro e para o Gabriel.
-Amor, eles ainda são pequeninos. Não é preciso tanta comida.
-Não faz mal. Como eu!
-Ainda vais ficar maldisposto.
-Não vou não!
David disse e cumpriu, comeu todas as torradas. Eu comi duas e ele cinco. O que sofria o estômago daquele rapaz. O dia estava de sol e graças a Deus, ia também ser assim no Sábado. Não estava preocupada, Jonathan era o grande nervoso, Jonathan e também o David. O sentido de irmos ao Oceanário era para descontrair, de sentirmo-nos ainda mais papás, mas nada disso resultou, nem o passeio perto do mar resultou. David parecia uma pulga. Só fazia comentários e perguntas sobre o casamento. O dia passava e o David só me fazia rir, até que despedimo-nos e cada um foi para o seu lado.

-Está pronta?

-Sim.
-É isto que você quer?
-Sem qualquer dúvida meu amor.

-Nem sabe como eu te amo.

-É dificil de explicar o que sentimos. É tão bonito.

-Você foi a melhor coisa que já me aconteceu.

-Amo-te. - David puxou-me para perto dele mas sempre com muito cuidado, tratava-me sempre como se fosse uma boneca de porcelona que se podia partir, pôs a sua mão na minha cara e deu-me um beijo. Era especial aquele beijo. Foi o último de namorados e senti que estava mais que pronta para casar, para estar com ele o resto da minha vida.  Era amanhã o grande dia e todos estavam ansiosos. David tinha ido para a sua despedida de Solteiro e eu tinha que ir para a Quinta da Inês onde ia ser fotografada e vestida.

 

 

 

publicado por acordosteusolhos às 23:01

17
Set 10

-Olá David, viemos buscar a noiva! – Dizia Cátia sorridente – Onde está ela?
-No quarto, está-se a despachar. Cátia, para onde é que vocês vão?
-Não lhe digas, passou a tarde toda nisto. Gira o disco e toca o mesmo. David, nós vamos sair e vai ser uma ladies night. Tu pegas no teu pai e nos teus padrinhos e no teu cunhado e levas eles a dar uma volta pela cidade ok?
-Ok.
-Beijo. – Dei-lhe um beijo e sai.
-Cuidado! Não pode beber nada!
-Achas que ia? – Disse-lhe enquanto estava a entrar para o elevador. Saímos e entramos no carro da Cátia, era um Mini Cooper, o carro de sonho dela. Levaram-me para a casa da Inês. Inês era minha amiga desde de pequena, mas nunca fomos muito próximas. Lá em casa já estava a Mariana, a Rita, a minha mãe, a Joana, a Patrícia, a Ana, Jonathan e Moniqué. O jantar começou de forma calma, estávamos a comer na parte de trás da casa de Inês. Ela tinha uma grande quinta dos pais, e como eles iam de férias ela ficava lá sempre a tomar conta das vindimas e de mais algumas coisas.
-Então, Catarina, desde quando é que festas de solteiros têm homens? – Perguntava-me Joana, sempre pronta para a brincadeira.
-O Jonathan é a pessoa que está a organizar o meu casamento, ele é gay por isso não resisti em convidar-lhe. É verdade, Jonathan, podias ter trazido o teu namorado.
-Não, ele não ia gostar. Era muita mulher para a cabeça dele! – Todas se riram do que o Jonathan disse. Ele era divertidíssimo e sempre pronto para a brincadeira.
-Então não te esqueces de trazê-lo para o casamento.
-Não pode querida, vai estar no Brasil. Aquele vadio só quer é rambóia. Eu bem sei…
-Deixa, são todos assim. Gays, hetero, transexuais.
-O normal. Mas agora vamos passar aos presentes! Toma, este é meu e da Moniqué! – Passaram-me para a mão uma caixa branca com um laço enorme cor-de-rosa.
-Uh, o que será, o que será! – Dentro da caixa estava um grande vibrador. Fiquei chocada quando vi aquilo. – Obrigada, acho…
-Querida, agora não há volta a dar, vais casar e tens que ser fiel e daqui a uns anos ele não vai ter a mesma potência mas um vibrador está sempre operacional e tem várias potenciais! Olha, vai do 1 ao 7. É bom! – Dizia-me Jonathan a rir. Toda a gente soltou uma gargalhada. Afinal, as despedidas de solteiro deviam de ser assim.
-Desculpa lá querida mas prometo-te que a prenda de casamento será melhor. – Dizia Moniqué.
-Obrigada, eu acho é que o David não vai achar muita graça a ideia de um vibrador em casa.
-Pões nas coisas do bebé que ele não nota nada! – Continuava Jonathan, sempre a rir.
-Agora é a minha vez. Toma gaja. – Dizia a Cátia. Era outra caixa, mas desta vez preta e com um laçarote vermelho.
-Olha, isto não é outro vibrador pois não?
-Não, abre!! Quero que vejas.
Abri a caixa e estava lá um conjunto de lingeri cor-de-rosa.

 
-Onde é que tu achas que eu vou com isto?
-Para a tua lua-de-mel.
-Querida, eu estou grávida, isso significa que não há sexo. E tu dás-me isto? És doida. – disse com tom de brincadeira - Obrigada!
-De nada, eu sabia que ias gostar.
-Calma, agora sou eu!! Como sei que não vai haver muita acção na Lua-de-mel quis te comprar uma coisa diferente. – Desta vez não era uma caixa mas sim quase um caixão! Preto e com um laçarote branco. Para vir da Lúcia devia ser algo bombástico. Abri a caixa, trazia uma foto do que era no inicio, uma lingeri mas à coelhinha. Do género de fantasia maluca. Tinha as orelhas, a cueca com um “rabo de coelho”, a parte de cima era justa e tinha um decote grande. Desmanchei-me a rir quando vi aquilo, cada prenda superava a outra.


-Eu não acredito! Lúcia! Obrigada, mas não sei quando irei usar isto.
-No carnaval, é a altura exacta!
-Concordo, só se for aí.
-Agora é a minha vez! – Dizia Patrícia com uma voz querida – Eu pensei na lua de mel mas também pensei que estavas grávida. Espero que gostes.
Era um saco com um laço que Patrícia me tinha dado para a mão. Quando abri vi uma cuequinha de renda e uma Camisa de noite com pormenor de renda no peito e lacinho acetinado, muito bonita. Nada de provocante mas bonito.
-Obrigada Patrícia, é muito giro!
-Este é meu, da Joana e da Ana – dizia a Mariana com um sorriso. – Espero que gostes.
-De certeza que vou adorar. – Dentro da caixa que me tinham dado estava um álbum, de algumas fotos que tinha tirado na minha adolescência, ou seja, quando era solteira.
-Obrigada meninas, muito obrigada. Nem sabem como é especial.
-De nada – responderam em coro.
-Bem, filha, agora dou-te o meu. Toma. – A minha mãe deu-me uma caixinha pequenina, como se fosse uma jóia. Abri e era o meu colar de ouro quando era pequena que tinha uma pequena medalha com uma esmeralda verde. – Sabia que ainda não tinhas ainda nada velho e resolvi-te dar-te isso. Espero que gostes.
-Adoro mãe, obrigada. – Embora já fosse meu, o que importava era o sentimento e aquilo foi uma espécie de uma bênção.
-Bem, e nós sabemos que não tem nada de novo não é, então resolvemos comprar uma coisa nova para você! – Dizia a mãe do David.
-Espero que gostes! – Dizia a irmã.
-Vou pois! – Abri o saco e estava uma caixinha, mais uma. Quando abri a caixa e vi um par de brincos muito bonitos de prata, faziam um género de uma flor virada para baixo, as suas folhas eram pequenas pedras e a flor era uma pérola. Ficavam muito bem no meu vestido.
-Muito Obrigada. São lindos! Nem sei o que dizer.
-Já disseste e já fizeste minha querida. O meu filho é feliz a teu lado e não há maneira de agradecer isso.
-Obrigada. Muito, muito obrigada!
-Bem, agora é a minha vez e a da Rita!
-E a nossa é bem diferente!
-Como assim?
-Duarte! Estás aí? – Apareceu um homem vestido de polícia. – Vamos começar a festa!
-Oh Meu Deus! Eu mato-vos! Vocês são doidas! Eu sou uma mulher grávida! 4 meses! Gémeos! E vocês trazem-me um stripper?
-É saudável.
O Stripper colocou-se em cima da mesa e começou a fazer uma dança sensual, quando menos se esperava tirou a camisola e depois as calças com um puxão. Era o tradicional stripper, grande. Continuava a dançar feito maluco.
-Queres uma Lap Dance?
-Não!
-Mas podes dar uma a mim. – Dizia Jonathan. Todos se riam menos eu, que desesperava para que espectáculo acabasse.

publicado por acordosteusolhos às 20:16

16
Set 10

Nove da manhã, o meu despertador tocava. David que estava agarrado à minha barriga (agora dormíamos nesta posição, já não era eu a tocar no seu peito mas ele a tocar na minha barriga e de costas para ele) sussurrou ao meu ouvido.
-Desliga isso e continua a dormir…
-Não, tenho de ir ver do vestido, para ver se está bom ou não. – Queria levantar-me mas o braço de David proibia-me do fazer.
-Catarina, só uma coisa, já escreves-te os teus votos?
-Sim, já!
-Ahh…
-Ainda não escreves-te os teus?
-Não, tenho andado bloqueado.
-David, não precisas de pensar em nada espectacular. Um “amo-te” para mim é suficiente.
-Ó, quero fazer algo especial.
-Depois logo te lembras de alguma coisa. Agora preciso ir tomar um banho rápido.
-Vai então mas desliga o telemóvel.
-Claro… - David ficou a dormir, era o primeiro verão que ficava em Portugal, de férias. Uma vez ficou parte, mas por causa de uma lesão. David costumava ir todos os anos ao Brasil, mas este ano foi diferente, os familiares do Brasil é que vieram a Portugal. Depois de tomar um banho e de me vestir com umas calcas de fato de treino e uma blusa sai de casa. Quando sai de casa David já tinha adormecido outra vez, dei-lhe um pequeno beijo na testa, não o queria acordar.
Cheguei atrasada à loja de vestidos de noiva da Moniqué, já lá estava a Jonathan em pé a bater o pé.
-Só agora?
-Foram só vinte minutos!
-Sim, vá, vamos entrar!
-Moniqué o bicho chegou.
-Finalmente Catarina!! Vá, vamos lá experimentar. – Puxou-me para o grande quarto onde as noivas se vestiam, vesti o vestido rapidamente, era simples. – Está perfeito! Não é preciso fazer nada! Está lindo! Vês? Nota-se a barriguinha mas de uma forma linda! Está lindo.
-Adoro, obrigada Moniqué. – Abracei-me a ele, ela criou logo a distância.
-Cuidado! Não estragues já o vestido!
-Claro. Jonathan! Vem cá ver! – Jonathan entrou de rompante na sala e olhou para mim.
-Estás linda, maravilhosa, perfeita. Adoro.
-Eu sei! Eu acho que vou chorar…
-Não chores então, ainda falta sofreres muito Catarina.
-Ui… No sábado é para estar no teu salão a que horas?
-Às seis da manhã!
-Às quê?
-Seis! E certas!
-Ok… Bem, preciso de ir andando, quero ir ter com o David, vamos dar uma volta e depois vou para a minha despedida de solteiro.
-Então e a dele é quando?
-Só na sexta, espero que me tragam o homem vivo para a cerimónia.
-É melhor adiar o casamento para Domingo o casamento – dizia Moniqué a sorrir para Jonathan. Moniqué ajudava-me a despir o vestido e Jonathan já tinha saído.
-Já tens uma coisa azul, outra velha, outra emprestada e uma nova?
-Já tenho a nova e a azul.
-Então olha, já tens a emprestada também. – Moniqué afastou-se e voltou com uma pulseira de prata, simples, com pequenas pedras transparentes, verdes e azuis. – Leva isto ao teu casamento, é a única maneira de te agradecer.
-Agradecer do quê Moniqué?
-Tu sabes quantas noivas já passaram por este salão? Sabes quantas já me entregaram um convite para o casamento? Tu foste a primeira querida.
-Foi a única maneira que arranjei para te agradecer do vestido. – Disse ao mesmo tempo que me apoiava na Moniqué para despir o vestido. Tirei-o com cuidado e Moniqué agarrou nele com todo o cuidado do mundo.
-Não precisas de agradecer, mas aceita.
-Obrigada Moniqué, muito obrigada. – Guardei a pequena pulseira na mala e comecei a vestir-me. Despedi-me depois da Moniqué e do Jonathan, eles iam a despedida de solteiro, foram grandes pessoas que encontrei e que me ajudaram imenso e agradecia por isso, logo, tinha que lhes agradecer de alguma forma. Cheguei a casa já era uma da tarde. Cheirava bem, a comidinha da boa, a dona Regina devia estar a fazer comida.
-Boa tarde! – disse quando entrei na cozinha que estava cheia de gente, tal como eu gostava.
-Boa tarde Catarina. – Diziam-me o pai do David, a mãe e a irmã que estava com o marido.
-Oi meu amor – Dizia David que se preparava para se levantar e para me dar o seu lugar.
-Deixa-te estar David.
-Então como estão os bebés? – Perguntava-me a irmã de David
-Cheios de fome! – Toda a gente que estava lá sorriu.
-Então alimenta bem que aqui os padrinhos querem eles fortes! – Dizia Ruben que também estava na cozinha mas encostado ao balcão.
-Não te preocupes, eles vão ser como o pai. Grandes… Passa-me um prato já agora.
-Deixa estar querida, eu sirvo você.
-Não é preciso…
-Deixa estar. – Dona Regina era sempre assim, sempre pronta para ajudar, muito simpática e alegre, todos os dias. Encheu-me o prato de bifinhos com cogumelos e natas. Acho que tinha disposição de comer aquilo tudo.
-Obrigada.
-De nada querida.
-Anda para aqui amor, sentas-te a meu colo. – Dizia-me David. Dirigi-me até ele. E sentei-me levemente na sua perna, não quis fazer muita força. – Que andou a fazer hoje?
-Fui ver do vestido, está tão lindo. Eu adoro o meu vestido!
-Ainda bem, hoje é a despedida não é?
-É.
-Vão jantar onde?
-Segredo.
-Então? Vá diz!
-Só se me disseres onde é que vocês vão.
-Não sei, o Ruben e o Gustavo é que estão a fazer isso tudo.
-Então pronto, a Lúcia e a Cátia é que estão a organizar tudo. Não sei de nada.
-Assim não vale… E depois se você precisa de ajuda?
-Tenho lá a tua irmã e a tua mãe, não é suficiente?
-Sim… Mas eu quero saber, vá lá!
-Eu também quero saber onde vais e não te estou a perguntar pois não? É a despedida de solteiro, serve para isso mesmo e os maridos não devem ver o que se faz lá.
-Concordo, deixa de ser assim chatinho David – Reclama a irmã de David.
-Mudando de assunto, o teu filho podia-se chamar Ruben! Que achas? – Perguntava o Ruben com um sorriso enorme.
-Não é para te chatear Ruben, mas gostava mais de Gustavo. Até cheguei a discutir esse nome com o David.
-Gustavo? O nome deste aqui? Tché! Que mau gosto! – Todos soltam uma gargalhada enorme.
-É, vê lá… O meu nome é lindo! E perfeito para o filhinho deles!
-É, e que alcunha vou dar ao puto. Gugu?
-É melhor do que ruru.
-Não interessa, não vai ser Ruben, nem Gustavo. Nem sabemos se vão ser rapazes.
-Vão ser pois, eu quero os meus rapazes para puder ensinar eles a jogar futebol! – Dizia o David no meio das rizadas que se davam.
-Há vários nomes que nós já tivemos a ver. De rapazes foi Gabriel e Pedro. De raparigas Maria e Inês.
-Eu gosto bastante dos nomes, principalmente das raparigas. Depois podem pôr Maria Inês e Inês Maria e fica muito bem. – Dizia a Dona Regina.
-Por acaso até fica. Temos óptimas escolhas não achas David?
-Concordo, sem dúvida. Mas eu vou ser papai de dois meninos, eu sei disso, fui eu que os fiz.
-Ah-ah. Só podes estar a gozar, tu colaboraste. Mais nada!
-Não, eu fiz.
-David, tens dois bebés em crescimento na tua barriga?
-Não, mas…
-Mas nada. Vá, come a batata, isso é fome. – Dei-lhe a batata frita à boca e ele deu uma dentada que ia quase mordendo os meus dedos. Toda a gente se ria com o que fazíamos. O almoço foi continuando e David perguntou-me mais duas vezes onde ia ser a festa de solteiro mas isso era um segredo dos Deuses.

publicado por acordosteusolhos às 20:46

15
Set 10

-Então é assim, a mãe da noiva está sentada deste lado, o pai deste, a madrasta… Ai sente-se ao lado e pronto! O mesmo para este lado mas a irmã senta-se no lugar da madrasta e o cunhado do David fica ao lado – Ordenava Jonathan meio desesperado – o noivo fica deste lado e os padrinhos com um metro de distancia do noivo. Atrás dele! Catarina, tu vens da tenda, passas a ponte…
-Jonathan! Qual ponte? Não há ponte!
-Dá a volta à piscina Mulher! Grávidas… As madrinhas dão a volta por trás e põe-se aqui à espera. Como os padrinhos estão.
-Jonathan!
-Sim Mulher!
-Porque é que temos um microfone?
-É para mim! Quando tu te esqueceres das ordens ao menos tenho um microfone e escuso de estar a gritar feito maluco!
-Ah, está bem…
-Não fale assim com ela, está grávida – dizia baixinho David ao Jonathan.
-Não te preocupes que eu sei lidar com estás mulheres!
-Jonathan, ainda não percebi, a passadeira não ia ser branca?
-Mudei de ideias, com tantas pessoas a passarem aqui antes de ti, chegavas aqui com a passadeira mais preta do que branca.
-Ah, boa ideia… Então e vai ser este vermelho?
-Sim, o buquê é que não vai ser esse. Vai ter umas flores vermelhas… Mas isso logo se vê amanhã quando decidires ir experimentar o vestido.
-Eu faltei hoje porque estava ocupada.
-A fazer o quê?
-Passei os últimos dias mal disposta, nem sai da cama. O nervosismo, a gravidez e ter um marido em pulgas para saber o sexo dos bebés dá nisto!
-Catarina, AMANHÃ É QUINTA! CASAS DAQUI A TRÊS DIAS! Como podes estar assim tão tranquila?
-Eu não estou tranquila, mas nos últimos dias tenho-me preocupado mais com os bebés do que com o meu casamento. Agora, podemos começar.
-Quando quiseres… Espera! Ó pai da noiva, não se está a esquecer de nada?
-De quê?
-Não sei bem, mas talvez… DE ACOMPANHAR A SUA FILHA AO ALTAR!
-Já vou, já vou… Chiça filha, eu organizava isto melhor.
-QUERIA VER ISSO! Vamos lá começar, vou fazer a música tan-tan-taram-tan-tan-taram-tan-tan-taram-tan-taram-tan-taram…
-Isso é horrível Jonathan, pára.
-Ok, ok… Vá, vem andar dessa maneira, exactamente… Belo, chegas aqui o pai entrega a mão da filha ao marido…
-Ai, o que isso vai custar… Filha…
-Pai! Faz o que o Jonathan está a dizer se não ele perde a cabeça.
-Pronto, pronto. Toma lá a mão da minha miúda. Cuidadinho, vou estar de olho em ti.
-Obrigada. - Dizia David e piscava o olho ao meu pai, num sinal de "tudo vai correr bem".
-NÃO!! Você não diga isso no dia de casamento! – Gritava Jonathan – Isto é uma família de loucos. Vamos lá ver, você dá a mão da sua filha e o David agarra, diz “obrigada” e nada de piscar os olhos. Agarras na mão dela e ajudas ela a subir, no máximo dos máximos podes dar um beijo na mão dela, não há beijos em mais lado nenhum! Vocês ficam aqui em pé e o conservador levanta-se e cumprimenta-vos com um aperto de mão. Vou começar com o discurso. Todos prontos? Então vamos lá. Hoje, estamos aqui reunidos para celebrar a união de David e Catarina. Agora vem papelada, papelada, informações, informações, blá blá blá, ah, sim a parte importante, Agora os noivos vão passar aos votos e à troca de alianças. David, tu dizes o teu, Catarina, tu dizes o teu. Trocam as alianças e depois o conservador há de dizer, São oficialmente marido e mulher, o noivo pode beijar a noiva, vocês beijam-se – preparava-me para dar um beijo a David enquanto Jonathan estava concentrado a ler os papeis. – Não é preciso beijarem-se agora! Ai…
-Já está! Vai ser lindo!
-Eu também acho meu filho, estava um pouco receosa mas vocês vão ter um casamento lindo.
-Dona Regina o que importa é o sentimento e nós só queremos estar juntos os dois. O casamento é um dia marcante e uma promessa a Deus que vamos estar juntos para sempre.
-Gostei muito da sua compreensão por causa das religiões. – Dizia o pai de David
-Preferi assim, cada um de nós temos a nossa religião e somos os dois muito crentes. Não podia obrigar o David a ser católico ou o David obrigar-me a ser Evangélica.
-Fizeram muito bem.
-Obrigada Pai.
-De nada filhote! O meu menino loirinho e pequenino já está um homem e vai casar! Incrível não é Regina?
-Você tinha a mesma idade, agora entendo o porquê de tanta lamuria da minha mãe e do meu pai.
-Não vos vou roubar nada, só ficar um bocadinho com ele… - todos dê-mos uma gargalhada e o David agarrou-me enquanto a minha mãe e meu pai falavam com Jonathan que de repente dá um grito.
-Ai!
-Que foi Jonathan?
-Vocês não têm menina das alianças?
-Temos pois mas coitada estava dormir. Por falar a dormir, tenho sono. Podemos ir embora?
-Claro, e o escravo fica aqui!
-Jonathan, tu vais para a caminha porque eu amanhã às dez da manhã vou ter contigo e depois à noite tu vais ser o meu convidado especial da minha Despedida de Solteiro.
-Eu comprei-te uma prenda tão linda! Vais adorar! – Dizia Jonathan ao mesmo tempo que saltava e batia palmas. Toda a gente se riu das figuras que ele fez. Quando reparou parou quieto e despediu-se de todos. O mesmo foi acontecendo com as outras pessoas que lá estavam. Todos se foram embora desejosos que os dias passassem depressa.

publicado por acordosteusolhos às 18:34

14
Set 10

-David, a ecografia é só a tarde, às três, vais lá ter? Eu vou ter que ir experimentar o vestido.
-Sim, o treino é só às cinco. Não queres que te leve?
-David, ainda consigo andar de carro!
-Sim, mas eu ficava mais contente se fosse eu à levar.
-E eu ficava mais contente se tu me deixasses ir.
-Está bem… - Deu-me um beijo e finalmente deixou-me sair. – Catarina não te esqueças de comer bem!
-Claro meu amor. – Sai de casa, o Jonathan e a Moniqué já deviam estar à minha espera e a Moniqué ainda não tinha visto o meu barrigão.

Loja de Vestidos da Moniqué:

-Oh Meu Deus! Que barrigão! Estás tão linda!
-Obrigada Jonathan!
-Oh Meu Deus! Isso está enorme! Isso é o quê? Gémeos?
-Sim Moniqué, são gémeos. Surpresa!
-Que grande surpresa me dás. Bem, vamos tirar as medidas? Daqui a três dias vens cá para experimenta-lo.
-Ok! – Estávamos no dia três de Julho, o tempo passa a correr. A barriga continuava a crescer e hoje ia fazer outra ecografia para verificar se o bebé não sofria do síndrome de Down. Quer dizer, se os bebés…
-Então mamã, pronta para o casamento? – Perguntava Jonathan enquanto eu me despia para a Moniqué tirar as medidas.
-Agora preocupo-me mais com a ecografia que vou fazer logo à tarde…
-Então?
-É por causa do Sindrome de Down. Querem verificar se os bebés possam o ter. Estou tão nervosa! Não quero que nada aconteça aos meus bebés!
-Nada vai acontecer. Vai ficar tudo bem querida.
-Obrigada Moniqué. Espero bem que sim.

Hospital da Luz:

-Ora bem , está tudo bem com os bebés, não é preciso se preocuparem com nada! Está tudo bem com eles. Agora, a ecografia do sexo querem marcar para quando?
-Não dá para ver já agora? – Dizia David.
-Ainda não dá para ver, ainda é muito pequeno.
-Ah pois… - Dizia esmorecido.
-Então, nós vamos de lua-de-mel e só voltamos dia 21, por isso, talvez no dia 23 ou perto…
-Muito bem. Então dia 23 cá estaremos para ver-mos o sexo do bebé.
-Eu de facto, já sei qual é. São dois meninos não é!
-Não, são duas meninas! Eu sei que são, eu sinto!
-Mas eu é que decido o sexo! Fui eu que dei o cromossoma que decide ou que é. Estava lá na internet.
-É verdade, mas o homem ainda não tem capacidade para decidir se o cromossoma é Y ou X.
-Eu tenho! Eu sou diferente! – Soltam ambos uma risada. Eu tentava sair da cama onde estava. 
-Então até dia vinte e três, felicidades e tenham um bom casamento. – O médico vira as costas e vai-se embora.
-Nunca pensei estar com a barriga tão grande. Como é que isto cresceu tanto? O médico disse que eles só têm 6 centímetros!
-Sim mas depois tens …
-Não comeces a dizer isso tudo. Ainda viras obstetra.
-Profissão engraçada por acaso.
-Sim, deve ser, às vezes…
-Então e o vestido? – Perguntava-me David enquanto saímos do hospital, ele com o braço por cima dos meus ombros e eu agarrada a cintura dele.
-Só me estiveram a medir. Na segunda vou experimentar.
-Só falta uma semana.
-Eu sei… Estou tão nervosa!
-Eu também!
-E se a Luísa aparecer lá?
-Não vai, todos os convidados têm bilhete e só com esse bilhete entram no casamento, depois vais ter seguranças e já disse as características dela ao Jonathan, assim se ele sabe quem contratar… Ela não vai estragar o seu dia…
-Espero bem que não.
-Não vou deixar isso acontecer. Estava agora a pensar, se forem dois rapazes como queres que se chamem?
-Não sei, gosto de Gabriel e de Davi.
-Gabriel e Davi?
-Sim, não gostas?
-Davi, é muito parecido ao meu.
-E Gabriel, gostas?
-Sim, é bonito. Desse eu gosto mas Davi…
-Então e se for Gustavo?
-Isso é o mesmo nome do Gustavo.
-Eu sei, mas eu gosto.
-Não gosta de Pedro?
-Pedro? Não é muito vulgar?
-Não acho, acho um nome muito bonito.
-Pois, sim é…
-E segundo nome?
-Segundo nome? Eu gosto de Pedro Miguel.
-Pedro Miguel?
-Sim.
-Não fica mal?
-Amor, é para ficar mal. Nós só vamos chamar o nome dele quando ele fizer algo de mal. Imagina “PEDRO MIGUEL VEM IMEDIATAMENTE AQUI!”
-Sim, sem dúvida. Maravilhoso. Mas depois vemos isso. Então… E se forem raparigas?
-Se forem raparigas quero que uma delas se chame Maria.
-Porquê?
-Adoro esse nome! E é bonito… Não gostas?
-Sim, adoro. E se for menina?
-Não sei…
-Eu gosto de Catarina.
-Não! E Isabel?
-Isabella é a minha irmã.
-E Joana? Não, não gosto…
-Adoro como tu dizes os nomes e depois dizes que não gostas!
-Então e não gostas de Lúcia?
-A tua melhor amiga não se chama Lúcia?
-Sim, mas é bonito.
-Eu gostava que fosse Inês.
-Inês?
-Sim…
-Então olha, tu escolhes o nome de um rapaz ou rapariga e eu escolho o nome do outro, ou outra.
-Por mim… E se eu não gostar do nome que escolhes?
-Se for rapaz escolho Gabriel, se for rapariga Maria.
-Ok, eu gosto.
-Então e tu?
-Só no dia em que eles nascerem saberás.
-És mau! – Entramos para dentro do carro, eu meio amuada com a situação toda. Não quis saber, daqui a dois dias era o ensaio do casamento.

publicado por acordosteusolhos às 21:51

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